Instalação de Realidade Aumentada para espaço público que problematiza a devastação da Mata Atlântica e a ocupação de sua área por grandes centro urbanos. Em RevoAR, utilizando aparelhos celulares, o expectador pode acessar sons de aves e insetos que habitavam originalmente a região do parque Ibirapuera, onde o Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM – SP está situado.
Com curadoria de Cauê Alves e Marcus Bastos, Realidades e Simulacros é a primeira exposição institucional de obras utilizando tecnologia de realidade aumentada.
O processo criativo teve início em maio de 2023. Para a instalação, foi realizada uma profunda pesquisa sobre a paisagem sonora da Mata Atlântica que um dia ocupou a região da cidade de São Paulo, investigando-se e realizando-se gravações de sons produzidos por aves e insetos do bioma ainda existente na Serra da Mantiqueira, nas proximidades de Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e Pindamonhangaba, e na Serra do Mar, nas proximidades de Cunha, Paraty e Ubatuba. Tal banco de dados foi transformado em pontos de áudio geolocalizados e acessíveis pela plataforma da exposição. Acrescidos aos sons dos animais, foram desenvolvidas imagens em 3D com textura translúcida de animais urbanos comumente encontrados nas grandes capitais do sudeste do país. Inspirado nos xapiri da cosmologia Yanomami, o artista concebeu esses espíritos de animais resilientes das cidades, espécimes que encontraram meios de coexistir com nossa poluição e degradação dos habitat naturais.
Ao caminhar pela área geolocalizada, o interator poderá ver em sua tela os espíritos dos animais, e ouvir os sons das aves e insetos da Mata Atlântica. Os sons se mesclam com as aves que frequentam o parque e o ambiente sonoro urbano das avenidas do entorno, criando uma nova paisagem sonora resultante da sobreposição de realidades e temporalidades. Da mesma forma, os espíritos dos animais nos trazem a dimensão da nossa capacidade de destruição e adaptação, nos espelhando com espécimes extremamente resistentes e integradas no caos urbano. Nos apontam para o vislumbramento de reconstrução, de recomeço, de compreensão da vida.