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Tathy Yazigi

Artistas/Artists, São Paulo 2015

 

Uma sexta, ou um sábado, não me lembro… fui visitar uma amiga que mora no Edifício Copan, localizado no centro da cidade de São Paulo, um dos lugares que mais gosto de freqüentar pela beleza da realidade crua.

Estacionei meu carro na rua. Sempre faço isso. E um senhor me pediu um dinheiro por cuidar do meu veículo. Eu disse que daria quando retornasse. Sempre faço isso também.

Subi, fiquei algumas horas e quando retornei para ir embora havia um rapaz parado ao lado do meu carro. Parecia estar entorpecido. Parecia. Não tive coragem (pela primeira vez) de me aproximar. Fiquei uns cinco minutos parada pensando em maneiras de chegar ao meu veículo. Decidi retornar ao edifício e pedir que um dos porteiros me acompanhassem até lá. Assim aconteceu.

Quando chegamos perto (mas nem tanto) do moço, o porteiro me disse: “Ah!!!! É ele? Fica tranqüila, é ele quem cuida dos carros aqui durante a noite”.

Aliviada, agradeci e caminhei até ele com uma certa vergonha, mas também olhando para trás, implorando com os olhos para que o porteiro me “desse cobertura” até que eu estivesse 100% segura (o que é isso?) dentro do automóvel.

Já do lado do carro, o rapaz me olha nos olhos e pergunta: “Tava com medo de mim?”. Sem saber o que responder, só disse: “É que nunca tinha te visto antes e hoje quando cheguei, quem falou comigo foi um outro senhor. Desculpa”. Ele me disse que eu era muito linda e beijou minha mão. Me disse também que eu fosse com Deus e que tivesse uma boa noite. Eu sorri para o porteiro, que ainda me olhava de longe, eu sorri para ele também, agradeci, paguei e voltei para minha casa.

Desconfiança cansa.